Anualmente, eu e o Carlos Almeida (Litos), realizamos o nosso encontro anual, não só para celebrar a amizade, mas principalmente para celebrar a paixão pelas aves. Começou em Dezembro de 2016 e o objectivo é passar um dia inteiro a ver aves. Não é exactamente uma corrida pelo número de espécies, mas num passo descontraído e de aprendizagem ir vendo o que o dia pode trazer. A arena escolhida, tanto em 2016 como este ano foi a ponta da erva, tanto pela localização geográfica como pela diversidade.
O dia começou às 07:00h da manhã no portão do Cardal, vento fraco e céu limpo e um frio que já pedia luvas e gorro. Ainda no portão e a passar material apenas para um veículo, ouvimos o chamamento de voo de um Turdus iliacus a voar alto para SE. A primeira paragem foi nos Arrozais da Giganta, onde algumas limícolas pequenas estavam em alimentação entre o restolho do arroz. Pequenos bandos de C. alpina, C. hiaticula e C. minuta. Nos talhões estavam também alguns C. pugnax, T. totanus e alguns T. erythropus. Ao varrer o último talhão com o telescópio, discretos no canto, estavam 4 C. temminckii. As patas claras reluziam no sol da manhã enquanto sondavam a lama vigorosamente. Foi possível ver bem as quatro aves e apreciar o bico ligeiramente recurvado, a infusão de "fumo" no peito e as terciárias "soltas".
Entre centenas de Plegadis facinellus e Ciconia ciconia fomos até 38 Moios para procurar a Phylloscopus fuscatus descoberta pelo Pedro Marques uns dias antes. Apesar de já ter visto P. fuscatus anteriormente, foi em contexto de anilhagem e queria muito ver a ave no campo e especialmente ouvir o chamamento típico.
Procurámos durante cerca de 1,5 horas e finalmente fomos recompensados com breves observações da ave enquanto saia do caniço para a cerca ou para a vegetação adjacente. Não consegui fotografias, mas dei uso ao microfone direccional e consegui gravar o chamamento:
Almoçamos no EVOA, onde encontrámos um velho amigo, o Pedro Henriques, que ficou tentado em ir ver a felosa. Demos algumas orientações onde vimos a ave pela última vez e fomos para outra zona da ponta da erva. Ainda não tínhamos abandonado a estrada que sai do EVOA e o Pedro telefonou a dizer que tinha visto um Vanellus gregarius em 38 Moios...voámos até ao local, estávamos a cerca de 1km. Chegámos a tempo de ver a ave a cerca de 150-200m no campo com um bando de Vanellus vanellus. A ave estava a preparar-se para ir dormir e vimos a ave brevemente em voo, exibindo as secundárias brancas, até aterrar quase atrás de um arbusto no meio do campo. Foi possível ver as marcas na cabeça muito semelhantes a um C. morinellus e desapareceu numa depressão no terreno, presumivelmente onde ficou a dormir, não sendo possível voltar a vê-la.
No local do abibe chegou também a Teresa Cohen que tinha visto um Tringa stagnatilis num talhão de arroz perto de Alcamé, resolvemos ir até ao local para o procurar. O talhão estava cheio de Tringa totanus, erythropus, nebulria. e C. pugnax e parecia promissor para muitas coisas... A cerca de 30m de nós vimos as pernas amarelo vivo de um Tringa flavipes, uma estrutura delicada a fazer lembrar T. glareola, mas com o típico perfil alongado na parte traseira. Mas nada de T. stagnatilis...
O dia ainda não tinha acabado e ainda queríamos ver o Circus macrourus que foi descoberto na Ponta da Erva pelo Telmo, a cerca de 2km do talhão onde estava o flavipes, vimos a olho nu, de dentro do carro, uma ave branca pousada no meio de um prado a cerca de 70m... a primeira imagem que veio à cabeça foi Tyto alba pousada no chão ao fim do dia com o sol de fim da tarde a iluminar o peito branco, mas os binóculos revelaram o Circus macrourus macho.
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Num passo calmo conseguimos observar 80 espécies num dia, apenas na ponta da erva, segue a lista do dia:
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