Na tarde de 21 de Março de 2015, fui percorrer o trilho habitual na lagoa de Óbidos, à procura de passeriformes migradores, ao andar uns 200m, chego à zona mais arborizada do trilho e os salgueiros estão com algumas Phylloscopus sp. em alimentação. Rapidamente reparo que estão algumas Phylloscopus trochilus (as primeiras do ano) e algumas P. collybita. Após algum tempo a verificar cada felosa, reparo numa muito cinzenta, com alguns laivos de verde restritos às primárias e um pouco na cauda...pensei imediatamente em P. c. tristis...comecei a fotografar e ver características. Note-se as patas muito escuras, os tons cinzentos e beje nas partes superiores e branco com infusões bejes nos flancos, com a quase ausência de verde. Supercílio marcado com ligeira inflexão atrás do olho, amarelo restrito a uma pequena "bolha" no loro. Tons de tabaco na face. A ave encontrava-se em muda parcial activa, bastante intensa, note-se na foto acima a muda na cabeça. A muda activa intensa em meados de Março é um indicador pró tristis. Muda activa nas terciárias, em falta a T8 e 9 de ambas as asas e caudais. Amarelo restrito às axilares. A ave infelizmente não vocalizou, pelo que é sempre complicado determinar com toda a certeza que a ave é de facto uma P, collybita tristis e não uma abietinus ou uma variação "cinzenta e branca" de collybita.
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No dia 18 de Fevereiro 2015 visitei a lagoa dos Salgados, perto de Armação de Pêra no Algarve, Portugal. É um local que visito com alguma regularidade e faço normalmente sempre o mesmo percurso ao longo do passadiço de madeira que ladeia a lagoa a sul. Na manhã de 18, a luz estava excelente, com um céu sem nebulosidade e no caniçal ao longo do trilho podiam observar-se várias Phylloscopus collybita, inclusive algumas a vocalizar. Já junto do observatório num grupo de cerca de 10 Phylloscopus , houve uma que me chamou a atenção, mesmo a olho nú, pela ausência de tons verdes na plumagem. De imediato pensei que seria uma Phylloscopus c. tristis e comecei a observar detalhada e criteriosamente...patas escuras, amarelo nas partes inferiores apenas restrito às infra-alares, supercílio bem marcado e com uma ligeira inflexão na parte anterior..tentei perceber a colocação "tabaco" na face e auriculares mas não consegui confirmar. Tive no entanto em consideração que estava em Fevereiro e eventualmente os tons acastanhados que esta felosa possa ter tido, provavelmente esbateram-se com o desgaste. Para tentar fotografar melhor e simultaneamente perceber a reacção da ave, coloquei chamamentos de "tristis" que tinha no telemóvel, a ave parou de imediato o que estava a fazer e voou na direcção do chamamento...apesar de curiosa e ter reagido claramente ao chamamento, não emitiu qualquer chamamento de resposta. Note-se também que todas as outras Phylloscopus que andavam por ali não tiveram qualquer reacção ao chamamento. Apesar da confirmação quanto à identidade da ave ser muito mais fiável quando a ave emite chamamentos, este individuo, no que toca a caracteres morfológicos na plumagem, para mim, tem tudo certo para o que seria de esperar numa P. c. tristis em Fevereiro.
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